sábado, 8 de outubro de 2011

Estamos ficando para trás

Qual é o papel do professor nessa nova sociedade que recebeu a alcunha de Sociedade da Informação?
Antes de responder à questão principal, o que é mesmo essa Sociedade da Informação?
Bem, antes que surja outra pergunta, vamos tentar responder a essa última!

A Sociedade da Informação é aquela que está inserida na Era da Informação ou Era do Conhecimento. Dado que informação e conhecimento não são sinônimos, vou usar o termo informação, por achá-lo mais adequado.

Podemos dividir a história da humanidade de várias formas diferentes. Sob o ponto de vista do fator humano gerador de valor, podemos listar 3 grandes eras econômicas.

1. Economia Agrícola
2. Economia Industrial
3. Economia do Conhecimento

Na primeira, o grande fator gerador de valor era a força física aplicada ao trabalho agrícola. O poder estava relacionado a concentração de terras. A demarcação de regiões e a imposição de barreiras era fundamental para a manutenção da estrutura social.

Na segunda, o fator gerador de valor eram as rotinas e processos - que nada mais são que a associação de conhecimento técnico e força física, colocados em uma seqüência muito bem estabelecida. A utilização de máquinas substituindo parte do trabalho braçal, a adoção das linhas de montagem e os conceitos da administração científica de Taylor e Ford são as marcas da época. O poder advinha da posse dos meios de produção, das máquinas e das fábricas - o burguês industrial substitui o senhor feudal. A massificação da produção e do consumo modificaram profundamente as bases da estrutura social. A posse da terra passou a ter menor importância e a necessidade de trabalhadores nas áreas industriais urbanas promoveu o êxodo rural que inchou as cidades ao redor do mundo.

Na era atual, o conhecimento passa a mudar a forma como as pessoas se relacionam, ao passo que o conhecimento adicionado à produção de bens agrega valor ao produto, interferindo em seu preço final. O custo de produção de um produto não é mais o principal fator formador de seu preço de venda. Surgem os chamados ativos intangíveis, como o valor da marca - algo completamente subjetivo adicionado ao preço do produto e que o comprador entende como diferencial de qualidade. É só pensar no caso do telefone celular. Quanto menos matéria prima se gasta - repare no tamanho dos aparelhos atuais - mais tecnologia (conhecimento aplicado) é necessária e consequentemente maior o preço de venda do aparelho.

Essa situação evoluiu a ponto de surgirem produtos completamente virtuais - que não existem fisicamente - e que são comercializados a preços altíssimos. Um exemplo desse caso é o dos softwares - programas de computador.

A mudança gerada por essa nova era na forma como as pessoas se comunicam foi imensa. Uma pessoa que possui um celular - e o Brasil já possui mais de um celular por pessoa! - pode ser localizada e contatada em praticamente qualquer lugar. Se o aparelho estiver conectado à internet, essa pessoa pode ter acesso à mais informação do que uma pessoa que esteja, por exemplo, dentro de uma biblioteca tradicional.

A própria internet evoluiu e agora deu origem às redes sociais. Mudou a forma como as informações circulam. Os jornais, revistas e TVs não são mais os detentores exclusivos da informação. Uma pessoa com um celular e acesso à internet pode se tornar um repórter independente. As pessoas podem criar e veicular seu próprio conteúdo. Vide os governos do norte da África que tentaram restringir o acesso de seus cidadãos à informação, sem nenhum sucesso. Nem os governos detém mais controle absoluto sobre a circulação da informação. Saímos de uma sociedade e que um falava para muitos para outra em que muitos falam para muitos.

As mudanças ensejadas pela nova era fez com que os professores perdessem, sucessivamente seus principais trunfos.

Os professores não tem mais Autoridade (do tipo autoritária). A juventude não consegue entender essa história de um fala e o resto escuta. Os jovens falam todos aos mesmo tempo.

O professor perdeu Poder. Há disciplinas que não reprovam mais, ou não reprovam sozinhas. Dar nota vermelha afeta muito pouco o desempenho do aluno. Não funciona mais como um incentivo às avessas.

O professor perdeu Status. O salário caiu junto com a qualidade do sistema educacional. O professor não é mais um profissional admirado, nem é mais um bom partido para casamento.

O professor perdeu sua Função. Desculpe-me, mas o professor não é mais o farol do conhecimento que ilumina a escuridão da ignorância do alunado. Há até quem ache que, nesse aspecto, o professor é perfeitamente dispensável.

É aí que começamos a responder a primeira pergunta. Qual o papel do professor nessa nova sociedade?

Digo que o termo Sociedade da Informação e mais adequado que Sociedade do Conhecimento, porque conhecimento é a aplicação, a análise, a transformação da informação. Requer tratamento cerebral, coisa que as máquinas AINDA não fazem.

O que temos à disposição, por exemplo na internet, é Informação. A transformação dessa informação em conhecimento é feita, muitas vezes, com o auxílio de uma mediação.

Esse é o papel que o professor precisa adotar: mediador. Mediador no conceito da comunicação.
No papel de mediadores, somos forçados a conhecer, ter habilidade de trabalhar com diversas formas de comunicação - redes sociais inclusive.

É daí, com muita tristeza, que surge o título desse post.

Estamos atrasados. Não entendemos e não utilizamos as redes sociais, nem outros tipos de tecnologia que já invadiram nossas salas de aula, como o celular.

Quanto tempo ainda os professores vão levar para entender que essas formas de comunicação devem deixar de ser problemas e se tornar aliados?

Como fazer isso? Essa é a importância de trazer a discussão para um público maior. Alguém pode ter uma experiência ou uma idéia que pode fazer com que mudemos o rumo dessa história!

Puxa, ficou longo esse post, hein?

Agora, estamos aguardando sua contribuição. Reclame, critique, elogie, pergunte, mas não fique calado. Essa era é a da Informaçáo!

Um comentário:

  1. Nós, educadores, temos o direito e o dever de reclamar nosso papel nesta sociedade. Sociedade esta, que está tentando nos excluir de nossa função social que é ser aquele que faz a conexão entre a informação, seja ela escrita ou falada, e o conhecimento real. Estamos sendo constantemente culpabilizados pelo mau desempenho de nossos alunos sem que se tome o devido cuidado de se buscar as verdadeiras razões da não aprendizagem dessas crianças. Na minha opinião, o que leva esses alunos a terem tantas dificuldades de aprendizagem e tanto desinteresse por ela, está diretamente relacionada com a questão familiar, social e a própria mídia que compactua levianamente em nos desmoralizar perante toda a sociedade. Desta forma, não podemos mais nos calar diante desta situação, pois, somente quando, nós educadores, nos posicionarmos e exigirmos que nos seja dada a importância que sabemos que temos é que esta situação poderá caminhar para uma solução. Beth

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