sábado, 5 de novembro de 2011

Voz ...


Recentemente assistimos na escola a uma pequena palestra sobre saúde da voz. Assunto de extrema importância, sem sombra de dúvida.

Quem de nós já não chegou ao final de uma série de aulas com a nítida impressão que nosso maior instrumento de trabalho começava a mostrar sinais de que podia nos abandonar?

Pois é, precisamos nos cuidar, mas algo tão preocupante quanto a saúde da voz física é a saúde da voz democrática. É o saudável exercício de expressar opiniões, ideias, contrariedade, dúvidas e tudo o que possa demonstrar participação no processo democrático que constitui a educação.

Não há dúvidas que, hoje, nossas relações com a escola estão pautadas pela pouca ou quase nenhuma oportunidade de diálogo. Quando ocorre é feita de maneira açodada. Em uma reunião temos que ouvir os posicionamentos, analisar as situações e ainda propor coisas sem que o devido tempo seja dado para amadurecimento das ideias.

Não há uma forma estruturada para que o professor possa contribuir com suas opiniões. Não há uma agenda de reuniões para discussão que permita um processo de entendimento e avanço constante rumo a solução de problemas.

Por outro lado, o professorado tem se mostrado muito passivo, aceitando a determinações e imposições que ocorrem, muitas vezes, sem explicações ou motivações claras. As lamúrias e contrariedades surgem na sala dos professores, mas resistem apenas até a batida do sinal. Nesse momento morrem e o assunto é esquecido.

Tem que haver vontade por parte do professor em se posicionar perante o seu meio ambiente de trabalho, perante as questões que afetarão grandemente seu dia-a-dia.

Nesse aspecto, em pior situação se encontra o aluno. Nenhuma voz é dada a ele e há a tendência de procurar silenciá-lo quando resolve se manifestar. A escola não cumpre o papel fundamental de possibilitar o desenvolvimento do pensamento crítico do aluno.

A escola tem o dever de permitir que o aluno tenha sua própria forma de expressão e de comunicação com os demais participantes da comunidade escolar. O professor precisa defender essa ideia.

Como mudar de postura e chamar os professores a uma postura mais ativa no processo de educação? Como mudar de postura e permitir que os alunos também tenham voz nesse processo?

Ficam aí as perguntas. Não tenho as respostas, mas certamente tenho ideias sobre o assunto. Quero ouvir outras opiniões.

2 comentários:

  1. Olá Ari

    Ao terminar de ler o texto aqui postado por vc. tive a nítida impressão de que realmente nós e alunos estamso sem voz no processo de mudanças profundas, diria até rupturas, na educação. Vejo isso com muita preocupação. Esses dois grupos sociais não devem permanecer jamais a margem desse processo, pois são os sujeitos principais de uma mudança possível.
    Esse tipo de atitude por parte do poder público e recorrente no espaço educação, pois está buscando uma forma, em conjunto com seus asseclas, de "podar democraticamente" a participação de setores sociais na reflexão e no forjamento depolíticas públicas para a educação. E o lugar que a nós e aos alunos é destinado, está sendo ocuapado por empresários que tem como única preocupação intervir em um currículo que atenda seus interesses mercadológicos e industriais. Os valores da empresa passaram a ser os valores da escola pública, que agora, por conta de parceiros de grupos econômicos privados, estão atuando com muita "dedicação" dentro do espaço escolar público e colocando o poder público a seu serviço. Muitos "remendos" foram feitos sem nosso consentimento e sem consulta. Esperam nossa obediência cega, surda e muda. E é por isso que devemos nos posicionar, deixarmos de sermos passivos e começar a exigir que se cumpra a legislação sim, mas não em parte e sim em sua totalidade.

    ResponderExcluir
  2. Ari, gostaria de ver um dia não só a colocação dos problemas, mas como, onde e quando podemos resolvê-los. Acho que poderíamos começar no nosso espaço, na nossa escola, o problema que muitas vezes só viramos saco de pancada para todas as reclamações e sugestões para solução nem pensar; colocar a mão na massa pra coisa funcionar então, esquece, cada um está preocupado com o seu umbigo e o 5º dia útil. Proponho aqui um momento de voz na escola, no qual todos tomem o problema como seu e traga de forma clara e transparente o que está pegando e como podemos melhorar. Sugiro também um grupo de estudo, diferente dos economistas, tem educador bom estudando e escrevendo, então não vamos ser tão radicais.

    ResponderExcluir